Recomendo: a sensibilidade e os espinhos de Girlpool

Quem convive comigo, sabe que eu escuto Sleater-Kinney todos os dias, uma música que seja, e falo disso todo dia, tenho camiseta da banda, uma gata com o nome da vocalista (ainda não tive coragem de escrever nada por aqui sobre o Sleater-Kinney porque como tudo que amo muito, tenho medo de desonrar, mas ainda sairá algo sobre). E uma das coisas mais importantes que tive com S-K foi a abertura e contato com outras bandas, principalmente as de Olympia (EUA), do movimento Riot Grrrl e bandas atuais com temática feminista. Esse último é o caso da banda Girlpool, que recomendo hoje para vocês.

Girlpool

A banda foi formada em 2013, na Califórnia (EUA), por Cleo Tucker e Harmony Tividad, só as duas, sem muita produção, é um baixo, uma guitarra e as duas cantando juntas. Mais que uma banda, elas formaram um espaço seguro e deram vozes a elas mesmas para falar de assuntos difíceis e espinhentos. Definiria o som delas como um gato, que pode ser fofinho mas arranha quando se sente ameaçado. Ao escutar aquela música tão do it yourself, que parece que foi feita no quarto, mas cheia de emoção e vivências cotidianas, consegui me enxergar nestas duas meninas. Provavelmente se eu fizesse música seria algo do tipo. A mensagem extrapola as formas de contá-la e no final tudo se encaixa tão bem. Como diria Carrie Brownstein, depois de ouvir Girlpool senti que “nas minhas veias bombeava um sangue novo”.

A discografia das meninas ainda é curta. Elas começaram com um EP homônimo em 2014 e em 2015 lançaram o álbum “Before The World Was Big”. Vamos conhecer algumas músicas?

Slutmouth


(Qualidade não é das melhores, mas estava difícil de encontrar no YouTube)

Essa é a música que eu mais gosto delas por ser forte e cruel, mas muito real. Ela fala principalmente sobre algumas imposições da sociedade sobre as mulheres. “I don’t really care about the clothes I wear/ I don’t really care to brush my hair/ I go to work everyday/ Just to be slutshamed one day” (Eu não ligo para as roupas que eu uso/ eu não me importo em pentear meu cabelo/ vou trabalhar todos os dias/ somente para ser xingada algum dia). Quem nunca passou por essa sensação? Acho que toda mulher sente em maior ou menor grau essa sensação que está sendo sempre julgada por suas roupas, pela sua aparência e, não importa quanto ela se esforce, alguém sempre irá apontar um dedo para ela em algum momento. Para terminar, apenas mais um trecho dessa música: “’Cause I don’t wanna get fucked/ By a fucked society/ ‘Cause everywhere I look/ Someone’s blaming me” (Eu não quero ser ferrada/ por uma sociedade fodida/ Porque para todos os lugares que eu olho/ alguém está me culpando).

Paint me Colors


Acredito que essa música seja sobre relacionamentos abusivos, mas também faz uma crítica a privilégios baseados em gênero e cor de pele: “i’ll never understand what it means to be a man/ who is white cause/ he never has to fight” (Eu nunca vou entender o que significa ser homem branco, ele nunca tem que lutar)

Ideal World

Não consigo descrever o quanto eu gosto do baixo nessa música. Ele é simples e marcante. Combina com a letra, que fala sobre procurar o seu lugar no mundo e ter seus pontos de ancoragem (pelo menos essa é a minha interpretação).

Crowded Stranger

Essa música linda linda linda dolorida e emocionante. Quando escuto “Crowded Stranger” tenho vontade de largar tudo e ir fazer música. “You are a heart for sale/ Selling yourself short” (Você é um coração a venda, se vendendo por pouco) é uma frase que consegue me dar arrepios.

Magnifying Glass


É uma música de 40 segundos mas tão divertida que você não pode deixar de conhecer.

Como as músicas no YouTube estão com uma qualidade meio ruim, você pode escutar nossa playlist versão estendida no Spotify.

 

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2 comentários sobre “Recomendo: a sensibilidade e os espinhos de Girlpool

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