2015: Nossos álbuns e músicas favoritas do ano

O final de ano geralmente desperta uma vontade de olhar para trás e avaliar o que o ficou de bom do ano que está indo embora. Por aqui não é diferente. Provavelmente você já viu diversas listas dos principais veículos especializados em música com as listas de melhores do ano. Aqui no Killian’s blog, como não tivemos a oportunidade e as ferramentas necessárias para ouvir e julgar todos os álbuns lançados em 2015, decidimos falar um pouco sobre os nossos favoritos do ano!

Veja abaixo nosso top 5 de discos e músicas favoritos de 2015:

ÁLBUNS

5º – City and Colour – “If I Should Go Before You”

City and Colour - If I Should Go Before You

*por Gabriel Pozzi

Abrindo nossa lista se encontra essa joia do City and Colour, o quinto álbum de estúdio de Dallas Green, que já conversamos por aqui antes em uma resenha. Com mais um álbum irretocável nas costas, seria difícil deixá-lo de fora desse top 5, principalmente porque as expectativas descritas no final daquela resenha se confirmaram: a admiração por esse álbum segue crescendo a cada nova audição.

4º – Sufjan Stevens – “Carrie & Lowell”

Sufjan Stevens - Carrie & Lowell

* por Gabriel Pozzi

Sufjan Stevens é um artista admirável. Em sua expansiva discografia, já conseguiu provar ser capaz de agradar os mais diferentes ouvidos, variando seus estilos entre a fanfarra, o folk, o eletrônico, entre outros, dando uma personalidade diferente a cada álbum que lança. De todas suas facetas, minha favorita sempre foi a simplicidade de “Seven Swans”, um álbum lançado em 2004 apenas ao som de dedilhado de um violão e a voz suave do cantor. Para minha felicidade, onze anos depois, Sufjan Stevens lançou “Carrie & Lowell”, que segue os mesmos moldes de simplicidade e encanto de “Seven Swans”, ganhando assim fácil passagem a essa lista de favoritos do ano.

3º – Death Cab for Cutie – “Kintsugi”

Death Cab for Cutie - Kintsugi

* por Rúvila Avelino

Em março, o Death Cab for Cutie lançou seu oitavo álbum de estúdio. Após dois discos um tanto quanto decepcionantes e um pouco atípicos, a banda surgiu com um disco que trabalha muito bem sentimento e sonoridade, coração partido e o início da reconstrução. Diria que o “Kintsugi” foi a reparação e o ressurgimento do Death Cab for Cutie como uma banda madura e experiente.

2º – Alabama Shakes – “Sound & Color”

Alabama Shakes - Sound & Color

* por Gabriel Pozzi

Todo amor do mundo seria pouco por esse álbum do Alabama Shakes. Para quem é fascinado por aquele blues rock (tão enaltecido por bandas como The Black Keys) e uma voz feminina poderosa que faz o peito vibrar a cada nota gritada com toda a emoção expressa apenas por aqueles que cantam com amor, bem, “Sound & Color” é um álbum obrigatório em seu celular, mp3, ou qualquer outro aparelho que reproduza som ao seu redor.

1º – Sleater-Kinney – “No Cities to Love”

Sleater-Kinney - No Cities to Love

* por Rúvila Avelino

Após 10 anos em hiato, o Sleater-Kinney voltou a ativa em janeiro de 2015 com o incrível “No Cities To Love”. O álbum marca o retorno da banda de uma maneira gloriosa. A cada música você consegue perceber que elas – Carrie Brownstein, Corin Tucker e Janet Weiss – não precisam provar nada a ninguém e estão nessa por amor à banda, à música e pela possibilidade de comunicar algo ao público. O disco veio cheio de críticas a sociedade e empoderamento.

MÚSICAS

5º – Wilco – “You Satellite”

* por Rúvila Avelino

Fomos surpreendidos com um belo álbum surpresa do Wilco em 2015. Com o nome de um dos melhores filmes do ano, o “Star Wars” tem um gatinho na capa e sua quinta música é algo como uma força da natureza chamada “You Satellite”. É dolorida, é forte, é linda. É praticamente um manifesto da solidão. Ela cresce dentro de você. Resume muito bem o que é o Wilco.

4º – Belle & Sebastian – “Nobody’s Empire”

* por Rúvila Avelino

“Nobody’s Empire” é a minha favorita do álbum “Girls in Peacetime Want to Dance” principalmente porque mantém muito da essência da banda, sem deixar de englobar um pouco das inovações sonoras que o disco trouxe. Essa música do Belle & Sebastian expõe alguns aspectos da síndrome da fadiga crônica que atinge o vocalista da banda, fazendo um retrato sensível sobre como é difícil realizar alguns tarefas simples, que podem até parecer automáticas para algumas pessoas, mas envolvem muito esforço por parte de uma pessoa que não está com a sua saúde mental em boas condições.

3º – Stereophonics – “Fight or Flight”

* por Gabriel Pozzi

Passou um pouco batido nesse 2015 o lançamento do nono álbum do Stereophonics, o “Keep the Village Alive”. Por sorte, esbarrei com ele em algum canto da internet. Vale a ouvida. Mas a grande pérola do álbum está na faixa 6, “Fight or Flight”, uma música marcada por um forte teclado e uma urgência em se preparar para o desconhecido que está por vir.

2º – Bikini Kill – “Ocean Song”

* por Rúvila Avelino

Fãs de Bikini Kill surtaram levemente com a divulgação de um EP com músicas inéditas neste ano de 2015. Uma delas foi “Ocean Song”, uma música sombria e tensa, que lembra em alguns aspectos “Feels Blind”, mas com uma porção a mais de grunge. Não é muito fácil falar com imparcialidade de Bikini Kill por conta do vazio que a banda deixou no cenário musical, mas o contexto atual faz todo o sentido para o lançamento de material inédito (e destruidor). Que essas músicas inspirem a nova geração de cantoras feministas.

1º – Alabama Shakes – “Don’t Wanna Fight”

* por Gabriel Pozzi

Se Alabama Shakes bateu na trave em nossa lista de álbuns, nas músicas fica com a glória. “Don’t Wanna Fight” é um hino conduzido por uma guitarra e pela voz absurda de Brittany Howard, que culmina em um refrão cujas palavras “I don’t wanna fight no more” são repetidas com uma intensidade sufocante, criando um ambiente que consegue ser intimista e explosivo ao mesmo tempo. Só ouvindo para entender. Primeiro lugar merecidíssimo.

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Resenha: Belle & Sebastian – “Girls in Peacetime Want to Dance”

Belle & Sebastian é uma banda de indie pop formada em 1996 na Escócia e hoje você vai descobrir o que achamos de seu nono álbum de estúdio, o “Girls in Peacetime Want to Dance”, lançado em janeiro de 2015.

Belle and Sebastian

Eu sei que já se passou um bom tempo desde que o disco foi lançado, mas ouvi a primeira vez e, como não simpatizei logo de cara, deixei de lado. Sabendo que a banda vem para o Brasil em outubro, no Popload Festival, em uma turnê do disco, achei melhor pegar para ouvir de peito aberto e, com certeza, foi a melhor coisa que eu fiz.

Os fãs de longa data podem retorcer o nariz a primeira ouvida por conta das mudanças bastante evidentes, desde o número de faixas no álbum até o flerte com o eletrônico (fase pela qual aparentemente todas as bandas estão passando, de Death Cab for Cutie a Radiohead, de Franz Ferdinand a Mumford & Sons. Essa fase pelo jeito vai demorar a passar então é melhor que quem não gosta comece a curtir). Essa mudança realmente existe. A decisão partiu de Stuart Murdoch, vocalista e líder da banda, que contou que precisava de fazer algo novo. A primeira atitude foi a mudança de produtor então a banda voou para Atlanta (EUA) e gravou com Ben H Allen.

Essa não foi a primeira vez que a banda sentiu que precisava de uma nova sonoridade: para a gravação do seu sexto álbum, Dear Catastrophe Waitress em 2003, Belle & Sebastian também passou por uma crise existencial e mudou seu produtor, obtendo um resultado destoante do que os fãs estavam acostumados. Porém, isso é assunto para outra hora.

É inegável e totalmente compreensível que a banda esteja tentando reinventar-se e trazer algo novo para os fãs, mas também é impossível dizer que a essência de Belle and Sebastian não está em Girls in Peacetime Want to Dance. Quer ver? Feche os olhos e coloque “Nobody’s Empire” para tocar. Na primeira estrofe você já escuta “Lying on my bed I was reading french/ With the light too bright for my senses/ From this hiding place, life was way too much/ It was loud and rough round the edges”. Isso não é clássico de um garoto meio recluso, que passa os dias escutando The Smiths? Sim. E por acaso é a música mais biográfica da banda, com Murdoch cantando sobre síndrome da fatiga crônica, que já o impediu de fazer muitas coisas que desejava.

Não está convencido? Agora é a vez de escutar “Play for Today”. O refrão diz o seguinte: “Life is a secret, death is a myth/ Love is a fraud, it’s misunderstood/ Work is a sentence, family’s a drag/ This house is a trap”. Para resumir: se você escutava Belle & Sebastian pela angustia existencial, aqui ela está. Não apenas na letra, mas a melodia, o enlace das vozes de Murdoch e Sarah Martin, tudo isso poderia estar tocando no “The Boy with the Arab Strap”, por exemplo.

Uma música que sintetiza muito bem todo o álbum é “Enter Sylvia Plath”. Ela passa do dançante ao quieto e volta ao dançante, intercalando os ritmos, harmoniza vocais masculino e feminino. Fala de um tema comum a Murdoch e (acredito) Sylvia Plath, a solidão.

Saindo das semelhanças e voltando para as diferenças. Vamos escutar “The Everlasting Muse” ali embaixo. Ela traz uma sonoridade nova do começo ao fim. Começa com uma batidinha, vai evoluindo e explode em um tipo de polca lindinha. Uma música que poderia muito bem ter sido feita para um filme da Disney de tão fofa. A canção termina com um recado “A subtle gift to modern rock/ She says, be popular, play pop/ And you will win my love”.

Para fechar, se você quer ouvir um ótimo álbum, aqui fica a sugestão: “Girls in Peacetime Want to Dance”. Gostou? Vale a pena conhecer toda a obra dessa banda de indie pop fofura, que vem para o Brasil em outubro. Nos vemos lá.

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Leia também as resenhas dos álbuns:
“Drones”, do Muse
“Kintsugi”, do Death Cab for Cutie