Recomendo: cosmos, sonhos, improvisação e inquietação na música brasileira

Há pouco tempo eu ainda não conhecia muitas bandas brasileiras e por isso achava que não existia muita coisa fora do eixo nova mpb e rock alternativo tristinho. Como tudo isso me parecia Los Hermanos demais, confesso que não valorizava a música nacional como deveria. Foi só em 2015 que resolvi mudar minha postura e procurar novas bandas, com estilos diferentes, e percebi o quão rico é o universo da da música cantada em português e shows com preços acessíveis.

De 2015 para cá fizemos alguns textos recomendando algumas bandas alternativas brasileiras e, felizmente, as postagens tiveram ótima repercussão, várias pessoas gostaram e passaram a ouvir as bandas indicadas. Por isso resolvi que era hora de fazer mais um texto como este, com recomendações de bandas alternativas brasileiras com mulheres na formação.

Para isso, escolhi quatro bandas que eu gosto muito e todas têm em comum a característica de me transportar para longe na minha mente. Um pouco de rock psicodélico, um pouco de dream pop, tudo meio experimental. Aquele tipo de música que você coloca quando quer tomar uma taça de vinho, pensar na vida ou apenas dançar de olhos fechados no seu quarto depois de um dia difícil.

My Magical Glowing Lens

Gabriela Deptulski é a cabeça por trás das letras, guitarras, vocais e produção da banda. O projeto nasceu em 2013 no Espírito Santo com influência de Sonic Youth, Rita Lee, Mutantes, Alceu Valença e Tame Impala. Segundo a página da banda, o estilo musical pode ser chamado de “pop místico”. Em 2017, foi lançado o álbum “Cosmos”, eleito um dos 50 melhores lançamentos do ano segundo a APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

A música de My Magical Glowing Lens é um portal psicodélico, desde a arte da capa até a última música do disco. Com um som imprevisível, cheio de distorções, ruídos, diferentes vozes e ambientações, é um som sinestésico, relaxante, mas ao mesmo tempo questionador com suas letras sobre amor e liberdade.

De acordo com Gabriela, “Minha Lente Mágica Brilhante é uma tentativa de transcender nossas mentes e levá-las para algum lugar onde ainda não estivemos: um super-mundo no qual acessamos coisas que não conseguimos acessar com o modo tradicional de acessar o mundo.”

Winter

Samira Winter, é brasileira, mas vive nos Estados Unidos, país de origem de seu pai. Foi lá que começou sua carreira na música, cercada por influências do punk rock, MPB e shoegaze. Com músicas em inglês e português traçou seu próprio caminho entre o dream pop e indie rock. O som onírico, azul e cor de rosa, leva a mente para dar um passeio e ela não voltará igual a antes.

O primeiro álbum “Supreme Blue Dream” foi lançado em 2015 e o segundo, “Ethereality” vem ao mundo em março de 2018. Segundo Samira, seu desejo é conectar-se com a criança interior do ouvinte, fazendo um som cheio de alegria. Realmente, a música de Winter é capaz de mudar o humor de quem escuta e quem vê a garota cantando com um grande sorriso no rosto.

Ema Stoned

Em 2018 um dos meus maiores desejos é ir a um show da banda paulista Ema Stoned. A banda foi formada em 2011 e atualmente é formada por Alessandra Duarte (Guitarra), Elke Lamers (Baixo) e Jéssica Fulganio (Bateria e Vocais). O trio aposta nas improvisações no palco para proporcionar ao público uma verdadeira viagem ao espaço e valoriza o espaço para criar em conjunto e transformar suas músicas em algo novo. Nunca se sabe que caminho uma música tomará.

É um rock experimental (ou space band, segundo a própria banda), mais instrumental, que aposta no não-dito para evocar imagens mentais e diferentes ideias dependendo do humor e estado de espírito de quem ouve. Há diferentes interpretações daquilo que se ouve, abrindo a mente para criar o seu próprio significado. A experiência é ainda mais potencializada com as imagens dos vídeos lançados pela banda. O álbum “Gema” foi lançado em 2013.

In Venus

A primeira vez que ouvi In Venus foi ao vivo, em um show, e a experiência foi bem diferente de quase tudo que eu já tinha visto. A banda transforma a atmosfera com a sua sonoridade difusa e um pouco áspera. Se as outras bandas recomendadas aqui te levam para fora da realidade, In Venus te traz de volta e joga na sua cara tudo o que há de errado.

A banda foi formada em 2015, em São Paulo, e seus integrantes são Cint Ferreira (voz e teclado), Camila Ribeiro (bateria), Rodrigo Lima (guitarra) e Patricia Saltara (baixo). Tem influências do post-punk e riot grrrl, aproximando Joy Division e Bikini Kill, de uma forma experimental. O som junta um pouco de melancolia, falta de esperanças e deixa algumas ideias ecoando na cabeça. O álbum “Ruína” foi lançado em 2017 e chamou a atenção da crítica musical. Para entender mais as ideias da banda, também é possível ler o zine disponibilizado gratuitamente.

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