Resenha: Weezer – “The White Album”

Quando falei da discografia do Weezer aqui no blog tomei a liberdade de dividir a carreira de mais de duas décadas dos nossos nerds roqueiros favoritos em três épocas: a primeira, em que tudo deu certo, a segunda, em que tudo deu errado e, por fim, a terceira, onde mais parecia que o Weezer queria retomar a primeira.

Se nos últimos álbuns essa tentativa foi um tanto frustrante, logo adianto no começo dessa resenha do “White Album”, o décimo álbum de estúdio deles: dessa vez tudo deu certo. Podemos dizer que o Weezer voltou.

Weezer - The White Album

Tudo bem, sucesso comercial, hits no rádio, prêmios, só o tempo irá mesmo dizer se o Weezer conseguiu retomar sua popularidade de início de carreira agora que eles estão, digamos, na meia-idade. E, considerando a estrondosa entrada do “Blue Album” no cenário musical, a gente sabe que dificilmente eles receberão aquele nível de atenção com seu novo material.

Porém basta ouvir a primeira música do “White Album” e já se torna possível saber que coisas boas virão na próxima meia hora de cd.

“California Kids” abre os trabalhos de um jeito emblemático: um clima tranquilo, som de pássaros, imagens de praia no clipe, dando lugar a uma agitada guitarra com cara dos anos 90’, culminando em um forte refrão que tem tudo para grudar em nossas cabeças, possível principal qualidade da banda. É como se o Weezer tivesse parado, inspirado, expirado e, enfim, entendido o caminho certo para voltar a fazer boas músicas.

Por falar em inspiração, parece ter sido exatamente esta que faltou nos últimos anos. Segundo a Pitchfork, o novo álbum vem para acabar com uma “maldição” que tinha acometido Rivers Cuomo, cantor e compositor da banda, nos álbuns anteriores. E devo concordar: dos cinco singles escolhidos para divulgar o álbum, ao menos quatro são potenciais hits ou, pelo menos, potenciais músicas para fazer qualquer pessoa que tenha ficado ressentida com o Weezer nos últimos anos voltar a amá-los.

Além da já comentada “California Kids”, são estes os singles: a excelente “King of the World”, a favorita da crítica especializada “L.A. Girlz” e a favorita dessa pessoa que vos escreve: “Do You Wanna Get High?”

Deixei de fora nessa seleção de singles exatamente a primeira lançada, “Thank God for Girls”, por notar uma leve semelhança dela com o problema do Weezer nos últimos álbuns: com alguns elementos de hip hop e um refrão quadrado, a música se propõe a ser experimental, porém mais parece um Weezer perdido em sua própria sonoridade, sem saber exatamente o que fazer com as guitarras, sendo um elemento levemente destoante do álbum.

Mas nada que estrague o brilho desse belo retorno do Weezer (até mesmo porque a letra questionadora de “Thank God for Girls” está sendo muito elogiada, por momentos como este: “What if God’s really a woman, guys?”). No entanto, fico com músicas menos divulgadas e badaladas, porém mais certeiras na proposta do álbum, como “Endless Bummer”, que fecha o álbum.

Assim como o início do “White Album” diz muito sobre ele, o encerramento também merece notas. “Endless Bummer” é uma baladinha que se desenrola até a metade apenas sob o som de um violão, permitindo a entrada de todos os instrumentos no fim com um solo divertido de guitarra, lembrando a gente o que realmente fez o Weezer se tornar famoso: a mistura entre o doce e o rock despretensioso de suas canções.

____________

Para ver outras resenhas nossas, basta clicar aqui!

Curta a gente no Facebook e não perca nenhuma novidade do blog 😉

Discográfico: Weezer

Em uma época em que não existia The Big Bang Theory e ser um nerd definitivamente não era nada legal, quatro rapazes com moletons fora de moda e óculos de aro grosso fizeram sua história no rock. Estamos falando do Weezer, banda californiana homenageada no nosso discográfico de hoje.

Weezer Green Album

Como os caras já lançaram nove álbuns desde 1994 (com o décimo quase saindo do forno), hoje o texto será grande. Iremos dividi-lo em três partes, cada uma falando de três discos da carreira deles.

E começamos logo com:

Parte I – A era de ouro

De 1994 a 2001 o Weezer não poderia esperar melhor início no cenário musical. Foram três incríveis cds lançados nessa época.

Começamos pelo meu favorito, o “Blue Album” (1994). Impulsionados pela música “Buddy Holly”, o Weezer estreou fazendo sucesso tanto com os rockeiros, ainda envolvidos seriamente com o grunge, quanto com a crítica especializada, que elogiou incansavelmente o “charme geek” da banda.

O álbum azul nos proporcionou uma variedade de canções inesquecíveis além de “Buddy Holly”, como “My Name is Jonas”, “Undone” e, claro, minha eterna predileta “Say it Ain’t So”. Apenas admirem essa apresentação no Letterman:

“Pinkerton” (1996) teve um pequeno problema na época. Assim como ocorre com todas as bandas que fazem estreias geniais, o segundo álbum é recebido com muita expectativa e exigência. Sendo assim, alguns se decepcionaram, e o segundo álbum recebeu algumas críticas negativas. Mas foi coisa de momento. Logo todos se entregaram ao disco e há quem diga que é o melhor da carreira deles. A música símbolo do álbum é “El Scorcho” e minha favorita, deixo aqui também, é “No Other One”.

Para encerrar a trinca de ouro, em 2001 o Weezer lançou o “Green Album” e pela última vez emplacou nas rádios mais de um sucesso de uma vez. Com o bom humor de “Island in the Sun”, a roqueira “Hash Pipe” e a viciante “Photograph”, o Weezer chegava ao século XXI como uma das mais bem sucedidas bandas dos Estados Unidos.

Mas como nem tudo na vida são flores, chegamos na parte II desse texto.

Parte II – Mudanças não são bem-vindas

Costuma acontecer. A banda tenta uma coisa diferente, tenta experimentar alguma coisa aqui ou ali, e já caem matando dizendo que ela “perdeu a essência”.

Não que sempre os críticos estejam errado. Uma guinada absurda rumo ao pop como aconteceu com o Coldplay, ou um álbum inteiro sem seu característico banjo, como rolou com o Mumford and Sons, podem significar “dedo do produtor fazendo mudanças por dinheiro”, por exemplo.

Mas não creio que tenha sido o caso do Weezer. Quando lançaram o “Maladroit” (2002) tentaram um som mais pesado, com influência do metal, e foram recebidos com críticas que diziam que o cd parecia ter sido gravado por uma banda cover do Weezer.

No entanto, nenhum álbum fracassou mais que “Make Believe” (2005). A banda foi chamada de derrotada, principalmente pelas letras do álbum, totalmente auto-depreciativas. O líder Rivers Cuomo sem dúvida passava por um mau momento de auto-estima, o que não foi perdoado. Por sorte, a banda conseguiu emplacar o hit “Beverly Hills”, maquiando os problemas de venda do álbum.

Com o “Red Album” (2008) a banda deu seu primeiro sinal de que a má fase estava para acabar. Apesar de ainda estarmos falando de um som experimental e distinto daquele que fez a banda ter sucesso nos anos 90, o álbum vermelho trouxe importante vitalidade para uma banda que fadava ao desaparecimento, impulsionada pela genialidade da música e clipe “Pork and Beans”:

O sucesso de “Troublemaker” e “Dreamin” deram a pista para o Weezer que as músicas favoritas do público ainda tinham aquela pegada despretensiosa e roqueira do início de carreira. Assim chegamos na terceira parte.

Parte III – A retomada

É importante notar que, nesses últimos três álbuns, o Weezer conseguiu voltar a essa tal “essência” dos primeiros álbuns, porém não o sucesso. As pessoas ainda vão ao show dos caras esperando os hits do “Blue Album”, ainda consideram “Pinkerton” o melhor, ou pedem um novo álbum com a cara do verde.

No entanto, foram três bons discos para deixar qualquer fã satisfeito. E um fenômeno interessante ocorreu com eles: cada um conseguiu pelo menos uma música de sucesso nas paradas, o que mantém a banda confiante para continuar fazendo o seu trabalho.

Com “Raditude”, a ótima canção “(If You’re Wondering If I Want You To) I Want You To” conseguiu traduzir bem a capa de cd divertidíssima escolhida para esse álbum de 2009:

Mas, falando em capa, nenhuma irá superar a de “Hurley”, que conta com o ator Jorge Garcia de Lost, em uma foto casual que ele tirou com Rivers em um camarim de um programa de televisão, recortada e reutilizada de maneira tosca como capa:

Weezer Hurley Cover photo

A música de sucesso de “Hurley” foi “Memories”, usada para promover o filme “Jackass 3D” (inclusive o elenco canta junto o refrão).

O último álbum lançado foi “Everything Will Be Alright in the End” (2014), que dentre todos esses últimos seis discos lançados foi o que mais recebeu elogio da crítica especializada, embora em questão de popularidade tenha tido o mesmo resultado que os anteriores: uma boa música nas rádios e nada mais, nesse caso a vibrante “Back to the Shack”.

A próxima tentativa da banda será com o “White Album”, com lançamento previsto para o dia 1º de abril. E devo dizer que estou extremamente otimista, devido às três músicas já liberadas: “Thank God for Girls”, “King of the World” e “Do You Wanna Get High?”. Nessa última, a propósito, estou viciado há dias.

Voltamos em abril com Weezer para a resenha do novo álbum, prometo. Que inaugure bem a “parte IV” desse texto.

_____________

Leia também:

– Discográfico: Sleater-Kinney
– Discográfico: Death Cab for Cutie
– Discográfico: Arcade Fire
– Discográfico: Muse
– Discográfico: Kate Nash
– Discográfico: Radiohead
– Discográfico: Pixies

Killian’s Tape #2

Voltamos com aquela mixtape especial do blog feita com carinho para vocês! E com novidades. Se na primeira edição trouxemos um resumão do que foi visto aqui no blog nas categorias “Recomendo” e “Discográfico”, no Killian’s Tape #2 o grande destaque é a nossa seção “Cover Dose”, na qual sempre separamos os melhores covers das músicas que adoramos.

E tem mais! Para fechar o resumo desses meses iniciais do blog também resolvemos incluir os “Clássicos” que sempre aparecem no Killian’s. Obviamente, para não perder o padrão da mixtape, são covers desses hinos da história da música que hora ou outra surgem por aqui.

Uma vez mais a coletânea foi feita através do Spotify, então quem tem a conta é só dar o play e curtir Muse cantando Nina Simone, Placebo mandando um Smiths, Death Cab dando nova roupagem à Björk…

Vamos lá:

_____________

Curta a gente no Facebook e não perca nenhuma novidade do blog 😉

Cover dose: Muse busca o jazz de Nina Simone, Weezer transforma Toni Braxton em rock e Birdy reinterpreta Phoenix

Quem não gosta de um bom cover, não é mesmo? Quer coisa mais legal que aquele momento que uma de suas bandas favoritas faz uma versão própria de uma música de outra banda ou cantor que você gosta? Ou quando um artista dá uma vida totalmente nova a uma canção que você já estava acostumado a ouvir de certo jeito, mas nunca imaginou como ela ficaria tocada de maneira lenta, ou com teclado ao invés de guitarra, ou sussurrada ao invés de gritada?

Hoje estamos inaugurando a seção de covers no blog, e já com muita coisa boa para começar com o pé direito essa nova categoria.

Muse – Feeling Good (original: Nina Simone)

Não são poucas as pessoas neste mundo que são fã tanto de rock como de jazz, misturando um pouco dos dois em seus celulares e mp3. Dos que gostam de rock há muitos que, ao menos, admiram e respeitam o jazz e seus ícones, como Nina Simone (meu caso).

Então o trio britânico Muse nos fez o favor de juntar os dois gêneros com seu incrível cover de “Feeling Good”, a música mais famosa de Nina. O mais impressionante da versão é que, apesar de trocar o saxofone por guitarra, a canção não perdeu aquele charme típico do jazz, ela continuou absurdamente gostosa de ser ouvida, mas com explosões ainda mais intensas e vibrantes.

(Ouça a original aqui).

Weezer – Unbreak My Heart (original: Toni Braxton)

Se antes falamos de uma música que se tornou ícone do jazz, agora falamos de um símbolo do mundo pop, mais precisamente dessas baladas que marcaram época, canções que ficaram até caricatas de tão famosas.

Estamos falando de “Unbreak My Heart”, música que você já ouve imaginando alguém escorregando na porta do quarto aos prantos com a foto da pessoa amada apertada no peito.

Os americanos espertos do Weezer, que fizeram um sucesso estrondoso na década de 90 (mas deram uma inegável desaparecida nos últimos dez anos) resolveram que seria uma boa ideia fazer uma versão roqueira da balada de Toni Braxton. A ideia parece ruim mesmo, mas quando você dá play você percebe que o cover é ótimo.

Quem conhece Weezer sabe que a banda é bem humorada, cheia das piadinhas nos clipes e shows, e pode achar que estavam tirando um sarro do mundo pop fazendo esse cover, mas o vocalista Rivers Cuomo jura que ama a música e que é uma homenagem. Acreditamos.

(Ouça a original aqui)

Birdy – 1901 (original: Phoenix)

Para falar de covers uma figura recente do mundo da música se tornou presença obrigatória nesse tipo de post. Birdy, uma mocinha de apenas 19 anos, que está fazendo muito sucesso por aí com seu tecladinho e suas músicas fofas, e o mais importante: quando lançou seu primeiro álbum em 2011 (“Birdy”) ele continha nada menos que dez covers!

Sim, Birdy apostou que chegaria ao topo das paradas apenas homenageando os artistas que ela admira, e deu muito certo. O álbum vendeu como água em muitas partes do mundo e hoje ela está consolidada no cenário musical, chegou até a ser indicada ao Grammy em uma parceria que fez com o Mumford & Sons em 2013.

Poderíamos escolher diversas músicas desse álbum para esse post de hoje, teve cover do The National, Bon Iver, The Postal Service, The XX, entre outros, mas vamos ficar com “1901”, excelente canção do Phoenix, somente porque é minha favorita do álbum. (Ouça a original aqui)

________

E então, gostaram da nova seção? Podem mandar sugestões de covers que vocês gostam que, em breve, eles podem aparecer comentados por aqui!

Curta a gente no Facebook e não perca nenhuma novidade do blog 😉