Ninguém pode negar que Dave Grohl é um figurão. Carismático ao extremo, Grohl está sempre caminhando entre os limites que o podem colocar entre um dos maiores roqueiros de todos os tempos ou um dos canastrões mais bem sucedidos da indústria musical. Isso, obviamente, são visões de diferentes pessoas em cima de sua figura e sua banda, o Foo Fighters.
Não acho que os grandes amantes da música precisem escolher um lado nessa guerra fria entre os que amam ou odeiam Foo Fighters. Mas se um dia o mundo depender dessa decisão, eu já escolhi o meu. Eu estou com Dave.
Bem vindos ao Discográfico do Foo Fighters.
Parte 1: Reconstrução
É curioso comentar o início da carreira de uma banda com a palavra “reconstrução”. Bem, para Dave Grohl isso faz todo o sentido. Em 1994 seu parceiro de Nirvana – Kurt Cobain – suicidou-se após uma vida complexa e depressiva. O abalo na vida de Dave, como todos podem imaginar, foi enorme. Em verdade, o músico que era baterista no Nirvana, achou que jamais conseguiria tocar algo novamente em sua vida.
Porém a música assumiu um novo papel a ele: o de terapia. Dave Grohl passou a compor suas próprias canções como forma de relaxar e, um ano após a tragédia de Kurt, conseguiu juntar doze delas em um álbum e lançou sob o nome de “Foo Fighters”. Poucos sabem que este primeiro disco, homônimo, é uma obra de um homem só.
O sucesso de músicas como “This is a Call” e “Big Me” impulsionaram Dave a seguir o projeto adiante. E o que era uma terapia só cresceu depois disso.
Parte 2: Máquina de hits
Dave resolveu que seguir sozinho não era a solução. Juntaram-se a ele o baixista Nate Mendel e o guitarrista Pat Smear. Dave cantava, gravava a bateria e tocava guitarra, tendo ainda o maior protagonismo do segundo álbum, “The Colour and the Shape” (1997). E então começaram a vir os sucessos.
Já neste disco tivemos “Monkey Wrench”, “My Hero” e “Everlong”, esta última considerada por muitos a maior música da história da banda. E era só um prelúdio para essa fase da banda que durou mais de dez anos, quando eles se tornaram uma verdadeira máquina de hits.
Novos membros chegaram. Taylor Hawkins assumiu a bateria e Chris Shiflett substituiu Pat Smear nas guitarras. Entre 1999 e 2007 foram mais quatro álbuns lançados e NENHUM deles deixou de ter um grande hit radiofônico que marcou sua época. Uma regularidade impressionante, poucas bandas podem se gabar de um histórico desses.
Veja bem: “There’s Nothing Left to Lose” (1999) teve a espetacular “Learn to Fly”. “One by One” (2002) abre o disco com os dois pés na porta com “All My Life” e ainda tem “Times Like These” pra engrossar o coro. “In Your Honor” (2005) não fica atrás com a histórica “Best of You”. Por fim, “Echoes, Silence, Patience & Grace” (2007) tem uma das favoritas de todos os fãs ao vivo: “The Pretender”.
Sentiu o peso desse parágrafo?
Parte 3: Veteranos
Não tem uma idade certa para que uma banda comece a ser chamada de veterana. Para algumas isso demora mais, para outras menos, mas a idade chega. Com Foo Fighters isso aconteceu a partir de seu sétimo álbum, “Wasting Light” (2011).
Normalmente as bandas veteranas possuem algumas peculiaridades, como um publico fiel que vai ouvir o álbum todo como se tivesse o fôlego de uma recém-nascida, um público antigo que ouve pela nostalgia, alguns haters dizendo que passou a hora da banda acabar, assim como saudosistas que dirão que apenas os antigos sabem fazer música. Independente do público, a banda veterana sempre vai fazer algum barulho na mídia quando lançar seu álbum.
E “Wasting Light”, superando as expectativas, fez muito barulho. Por mais que não tenha um grande single como seus álbuns anteriores (“Rope”, talvez?), o disco ganhou quatro Grammys, incluindo “Álbum do Ano” e é praticamente unanimidade entre os fãs. Provavelmente o último grande disco do Foo Fighters até o momento, mas não importa, o que vale anotar é que iniciou sua fase de “vovô do rock” de forma espetacular.
Depois veio “Sonic Highways” (2014). Na teoria, lindo. Um álbum conceitual com oito músicas gravadas em oito cidades diferentes dos Estados Unidos, incluindo materiais extras como documentários, entrevistas, registros dessas cidades, mas na prática… Bem, não funcionou muito. O álbum se tornou o patinho feio da discografia, sem nenhuma música marcante e muitas críticas de fãs e especialistas que acharam que o Foo Fighters se importou mais com o pacote do que com o conteúdo.
De qualquer forma, ano passado trouxe uma redenção para eles. “Concrete and Gold” (2017) não promete ser marcante, muito menos comparável à segunda fase da banda, porém tem todos aqueles elementos que tornaram a banda gigante como ela é (o rock pesado de “Run”, os riffs marcantes de “Sunday Rain”), além de parcerias de peso como Justin Timberlake e sir Paul McCartney.
Fora isso, tem a nossa segunda música favorita do ano passado, “The Sky is a Neighborhood”, é pouco?
A terceira fase, como em qualquer banda que já passou pelo seu auge, tem seus altos e baixos, mas em nome de todos aqueles que estão do lado do Dave naquela importante decisão que pode evitar o apocalipse citada no começo do texto, bem, só me resta desejar vida longa ao Foo Fighters.
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