2017: Nossos álbuns e músicas favoritas do ano

Mais um ano chegando ao seu final e mais uma daquelas listinhas que todos nós amamos reunindo os lançamentos musicais que tornaram 2017 um ano melhor.

Como sempre, nosso lembrete anual: chamamos de “favoritos” e não de “melhores” para não ter nenhuma pretensão de selecionar o que mais impactou o mundo neste ano. Certo? Então vamos às nossas recomendações:

ÁLBUNS FAVORITOS DE 2017

5º – Courtney Barnett and Kurt Vile – “Lotta Sea Lice”

* por Gabriel Pozzi

Quem diria que uma das duplas mais aclamadas em 2017 seria formada por uma Courtney e um Kurt? Não é brincadeira, estamos falando de Courtney Barnett, Kurt Vile e o excelente álbum “Lotta Sea Lice”.

Mas as semelhanças com outra dupla histórica da música param por aí. No máximo podemos dizer que, como os ícones homônimos, Courtney e Kurt transbordam talento. Visto o excelente trabalho que ambos os músicos já realizavam em suas carreiras solos (recomendo com todas as minhas forças os últimos álbuns deles), “Lotta Sea Lice” não poderia ter um destino diferente, que não estar presente em nossa lista de melhores dos anos.

Dedilhados bem trabalhados, solos deliciosos, acordes folks que variam do calmo ao intenso e, acima de tudo, muito carisma, que sentimos através do vocal doce de ambos. Quinto lugar merecido.

4º – The National – “Sleep Well Beast”

* por Gabriel Pozzi

Sempre que uma de nossas bandas favoritas anuncia um novo álbum surge uma expectativa que, de alguma forma, estabelece moradia em nossa cabeça e não nos deixa em paz até finalmente ouvirmos o aguardado disco.

Esse ano, desde o início, eu sabia que teríamos álbuns novos do The National e Arcade Fire. Infelizmente esta última me desapontou um pouco, embora eu não ache seu novo disco pavoroso como pintaram. No entanto, o The National supriu todas as expectativas e lançou mais um álbum repleto de inspiração, sutileza, notas brilhantes de teclado e, claro, aquela voz absurda de Matt Berninger.

“Sleep Well Beast” é mais um acerto incrível de uma banda que tem uma discografia impecável e sinto que todas as vezes que lançarem um álbum encontrarão um lugar nesta lista aqui.

3º – Waxahatchee – “Out in the Storm”

* por Rúvila Avelino

O álbum “Out in the Storm” marca a passagem da Waxahatchee de um projeto solo para uma banda, mesmo que esta não tenha sido a intenção. Parece que a Katie Cruntchfield saiu do quarto para tocar para um público maior e mais exigente. Sem desmerecer os álbuns anteriores dela (que são excelentes), mas as músicas tem um trabalho técnico mais amadurecido, sem perder a essência das letras e melodias criadas por Katie.

Uma das coisas mais interessantes é que podemos escutar no Spotify todas as demos do álbum, assim como as músicas finais. Desde a sua primeira banda, P.S. Eliot, Katie faz isso, disponibilizando seus rascunhos musicais e mostrando tudo de si, seu processo de trabalho, que é mais emocional que técnico de certa forma. Suas gravações caseiras mostram o seu coração para o público e também sua estética musical, que tem origem em seu próprio quarto, gravando sozinha o som que ela faz com muito sentimento.

Por fim, vale escutar o “Out in the Storm” também por conta das narrativas das músicas, com letras fortes que abordam relacionamentos tóxicos e abusivos.

2º – Cigarettes After Sex – “Cigarettes After Sex”

* por Gabriel Pozzi

Bandas entrarem em uma lista de melhores do ano com seu primeiro álbum não é uma novidade. Nós mesmos colocamos o disco de estreia do Hinds, ano passado, como um de nossos favoritos do ano. Novidade mesmo é eu estar tão obsessivo com uma banda a ponto de escrever uma resenha, um recomendo, colocar seu álbum no top 5 e, spoiler, uma de suas músicas como a melhor do ano no blog.

Estamos falando de Cigarettes After Sex, a cativante banda americana que, com uma discografia tão curta (um álbum, um EP e alguns singles), já conquistou fãs no mundo inteiro, vide o show lotado que fizeram em São Paulo este mês.

Creio que eu já esgotei meus elogios a eles nos textos anteriormente citados, mas se quiser conhecer bem o Cigarettes After Sex, o melhor que você pode fazer é dar play em seu disco homônimo fabuloso e entender porque está em nossa segunda colocação de 2017.

1º – Feist – “Pleasure”

* por Rúvila Avelino

Para quem é fã da Feist, o álbum foi esperado com muita ansiedade e recebido com muito amor, sem decepcionar. Com o passar dos meses a obra foi crescendo e ganhando potência, com um efeito viciante, que quanto mais você escuta mais aumenta a vontade de escutar mais e mais.

As músicas também vão ganhando novas cores e significados com o passar do tempo, vão se consagrando como trilha sonora de momentos especiais. Nesta categoria a Feist pode ser considerada uma expert. Obviamente músicas acabam sendo relacionadas a memórias e momentos da vida de cada um, mas em minha opinião as músicas da Feist são perfeitas para todo tipo de situação.

Leia aqui a resenha completa do álbum que fizemos.

MÚSICAS FAVORITAS DE 2017

5º – Chastity Belt – “Different Now”

* por Rúvila Avelino

Um dos grandes lançamentos do ano foi o álbum “I used to spend so much time alone” da banda Chastity Belt. “Different Now” é a música que abre o álbum já dizendo a que veio. Fala da juventude, de viver em um estado precário de saúde mental, das cobranças internas e externas.

É uma música que você ouve e fica triste por identificar-se e entender sobre o que a letra fala. A melodia e os vocais da Julia Shapiro formam uma combinação perfeita entre a angústia, a indignação e uma vontade de sair desse labirinto mental.

4º – Broken Social Scene – “Protest Song”

* por Rúvila Avelino

Assim como o álbum da Feist, o “Hug of Thunder”, da banda Broken Social Scene, era um dos lançamentos mais esperados do ano (sem contar com o novo álbum da Emily Haines & The Soft Skeleton).

“Protest Song” é uma música que só poderia ter sido lançada em 2017 mesmo, com toda a loucura política que foi esse ano e já tem sido há um tempinho. Com a eleição de Trump no ano passado, muita gente previu que a quantidade de músicas de protesto cresceria exponencialmente. Estavam todos certos. O Broken Social Scene provou que até na metalinguagem a intenção é questionar, protestar ao invés de calar.

Por fim, “Protest Song” reúne as características principais da banda, com os vocais incríveis da Emily Haines. Impossível não gostar.

3º – Feist – “Any Party”

* por Gabriel Pozzi

Tirada diretamente do álbum do ano, “Any Party” é aquele tipo de música de amor que você canta sorrindo. A parte instrumental é animada, não é aquela coisa pra dançar coladinho com seu ou sua crush em ritmo lento, mas não deixa de ser uma música super fofa com a melhor declaração dos últimos tempos: “You know I’d leave any party for you / ‘cause no party is so sweet as our party of two” (“Você sabe que eu deixaria qualquer festa por você / porque nenhuma festa é tão doce quanto a nossa festa a dois”).

O que mais gosto da música é que nos últimos refrões existem várias vozes de fundo repetindo as palavras da Feist, o que me faz pensar em uma dessas comédias românticas bregas com uma festa acontecendo, a protagonista cantando essa música para um jovem encabulado, enquanto as super animadas pessoas da festa erguem suas garrafas e cantam juntas o refrão. Depois eles vão embora da festa, é claro.

2º – Foo Fighters – “The Sky is a Neighborhood”

* por Rúvila Avelino

Apesar de ser uma banda que divide um pouco as opiniões entre os fãs de rock, ninguém pode falar que o Foo Fighters brinca em serviço. “The Sky is a Neighborhood” foi escolhida como um single do álbum novo e ganhou um clipe de arrepiar. Acho que é a melhor música do álbum.

Ela também aborda questões de saúde mental, como “Different Now” da Chastity Belt, mas com guitarras cortantes e muito catárticas. Após ler algumas matérias sobre o álbum novo do Foo Fighters entendi ainda melhor porque esta música é tão importante, ela aborda um período de depressão que Dave Grohl enfrentou enquanto trabalhava no disco novo. Para quem já passou por algo do tipo, é uma música que realmente externaliza e luta contra tudo que a depressão representa. Sinceramente não vejo a hora de presenciar esta música ao vivo no show da banda.

1º – Cigarettes After Sex – “Apocalypse”

* por Gabriel Pozzi

Eu já tinha dado o spoiler logo acima que, logo com seu álbum de estreia, o Cigarettes After Sex arrancaria um primeiro lugar aqui no Killian’s. A questão era saber com qual música eles levariam a medalha, já que o álbum definitivamente traz mais de uma opção ao posto.
A escolhida foi “Apocalypse”, aquele que tem a frase mais letal do indie em 2017, como disse Lúcio Ribeiro. “Your lips / my lips / apocalypse” (“Seus lábios / meus lábios / apocalipse”). A poesia da frase é tão incrível que até camiseta eu fiz com ela.

Mas claro, não é só a letra que trouxe a música para a primeira colocação. A parte instrumental é lindaça, o refrão é viciante (“Got the music in you baby, tell me why”), a paradinha que a música tem no final é genial, enfim. O Cigarettes After Sex nos deu o fim do mundo que merecemos.

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O Killian’s Blog deseja um maravilhoso 2018 para todos os seus leitores!

Leia também:
As favoritas de 2015
As favoritas de 2016

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Recomendo: Courtney Barnett

Guitarras, canções murmuradas e viciantes. Essa parece uma fórmula simples, mas que poucos conseguem fazer de um jeito tão interessante quanto a cantora australiana Courtney Barnett. À frente de sua própria banda de indie rock, a cantora de 28 anos tem dois discos lançados e percorreu quase todo mundo fazendo shows e disseminando sua palavra. E é isso que venho te oferecer hoje: você aceita a palavra de Courtney Barnett?

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“I guess if you’re afraid of aiming too high, then you’re not really gonna have too far to fall”
(Acho que se você não mirar muito alto você não irá muito longe quando cair)

É assim que a coletânea lançada em 2013 com os dois primeiros EPs da cantora começa. A música “Out Of The Woodwork” abre “The Double EP: A Sea of Split Peas”, que reúne uma série de músicas incríveis lançadas por essa moça australiana incrível, independente e cheia de personalidade.

A gente precisa conversar sobre esse Tiny Desk da Courtney.

A primeira música, “Avant Gardener”, pergunta:

“It’s a Monday/ It’s so mundane/ What exciting things will happen today?” (É segunda-feira, tão mundano. O que pode acontecer de excitante hoje)

E em sua voz rouca, Courtney conta uma história de angústia e aventura. Duas, na verdade, porque logo em seguida ela começa a cantar “History Eraser”, uma história de uma noite de amor regada a álcool.

Para terminar o mini show na livraria mais desejada do mundo musical, ela toca “Depreston”, que é uma das minhas músicas favoritas e eu nem realmente sei o porquê. Talvez não seja nada disso, mas interpreto a letra como a construção de uma vida, passo a passo.

Em 2015, a cantora lançou o seu primeiro disco já nascido como LP: “Sometimes I sit and Think, and Sometimes I just sit”. Essa gracinha trouxe destaque para a sua autora em diversos aspectos. A arte de capa foi feita por ela mesma, que também desenhou posteres com diferentes cadeiras. Ela também publicou em seu site uma zine com desenhos de alguns lugares pelos quais passou durante turnês. Voltando a falar das músicas, o disco traz algumas das mais importantes lições que ela poderia dar. A primeira é essa aqui abaixo:

Eu poderia resumir essa música com uma frase dela mesma: “Why are you so eager to please?” (Por que você quer tanto agradar?) Sabe, é muito melhor agradar a si mesmo do que se matar para agradar outras pessoas, no final ninguém liga de verdade. O vídeo é muito divertido (se você abstrair que ela segura a guitarra do jeito canhoto, portanto do jeito errado para muita gente) e mostra uma ação feita para divulgar a música.

Vamos ao último vídeo deste texto?

“Put me on a pedestal and I’ll only disappoint you” (Me coloque em um pedestal e eu vou apenas te decepcionar) é uma das frases mais verdadeiras que eu já ouvi e repeti por ai. Isso nunca dá certo, como ela mesma fala: “I must confess, I’ve made a mess of what should be a small success” (Eu preciso confessar que fiz uma bagunça com o que deveria ser um sucesso).

Algo que me faz amar a música da Courtney Barnett é que ela é muito despretensiosa. Ela mesma, a mulher, não se encaixa nos padrões, se apresenta de camiseta e com o cabelo bagunçado. Não há problema algum em ser você mesma e mostrar isso por meio da sua arte. Na verdade, se eu tivesse a oportunidade pediria que ela fosse minha amiga porque ela é muito legal. Ou gostaria de ser ela.

Se você ainda não se convenceu que ela é muito legal, saiba que ela é fã de Sleater-Kinney:

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Se ser fã não basta, saiba que ela manda flores para toda a banda quando elas vão tocar na Australia:

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