2016: Nossos álbuns e músicas favoritas do ano

Um aparente momento de alívio para todos está se aproximando: o final de 2016. E com ele chega a nossa listinha de favoritos do ano, com o top 5 dos lançamentos musicais que tornaram 2016 um pouco melhor para os dois autores desse blog. Foi um ano longo e complicado, em que a música fez um papel importante de catarse, ajudando tudo a fluir melhor.

Vale sempre o destaque: chamamos de “favoritos” e não de “melhores” para não ter nenhuma pretensão de selecionar o que mais impactou o mundo neste ano. Certo? Então vamos às nossas recomendações:

ÁLBUNS FAVORITOS DE 2016

5º – Hinds – “Leave Me Alone”

Hinds - Leave Me Alone

* por Rúvila Avelino

Como é o som de jovens amigas tocando juntas? O primeiro disco deste quarteto de Madri (Espanha) pode te ajudar a entender isso. A banda começou apenas com as duas guitarristas e vocalistas, Ana e Carlotta, com músicas lo-fi e ritmos solares de violão. Pouco depois chegaram a baixista Ade e a baterista Amber, formando uma banda completa, cheia de energia, que já começou o ano lançando um LP, o “Leave me Alone”, e fazendo turnê pelo mundo todo. Foi um disco que passou o ano de 2016 inteiro no meu celular, pronto para dar uma energia extra nos tempos difíceis proporcionados por este ano.

4º – Warpaint – “Heads Up”

Warpaint - Heads Up

* por Rúvila Avelino

A banda Warpaint chegou a um ponto inevitável para algumas bandas: ou lança um novo disco ou acaba. Elas optaram pela segunda opção. Para quem acompanhou a saga, algumas entrevistas revelaram que o processo não foi fácil, mas o resultado está muito belo e foi muito esperado. Já falamos um pouquinho do disco em uma coletânea de mini-resenhas por aqui.

Composta inteiramente por mulheres, o quarteto da Califórnia (EUA) propõe uma viagem ao seu ouvinte com o seu pós-punk e eletro-pop. O “Heads Up” é muito ambíguo e funciona muito bem para animar ou relaxar quem está ouvindo, o que é uma das minhas coisas favoritas na música: a recepção é tão importante quanto a emissão. Essa ambiguidade atmosférica é muito bem-vinda após um dia catastrófico, em que tudo o que você precisa é sentar no escuro e colocar os pensamentos em ordem.

3º- Radiohead – “A Moon Shaped Pool”

Radiohead - A Moon Shaped Pool

* por Gabriel Pozzi

Quando estamos diante de um álbum novo de nossa banda favorita dificilmente escapamos de um ritual secular que acomete todos os fãs de música: ouvir o cd no “repeat”. Não foi diferente comigo ao conhecer “A Moon Shaped Pool”, o nono álbum de minha banda favorita, o Radiohead. Um cd tão sutil e gostoso de ouvir, com melodias e arranjos que remetem a toda brilhante discografia da banda, não tem como ser deixado de fora dessa lista.

2º – The Julie Ruin – “Hit Reset”

The Julie Ruin - Hit Reset

* por Rúvila Avelino

Todo mundo precisa de mensagens de incentivos e os famosos “tapinhas nas costas” de vez em quando. Um chacoalhão para voltar a realidade, uma mensagem motivacional, um “você não está sozinho”. Às vezes um tapa na cara, um soco no estômago ou um colo para deitar. O “Hit Reset” pode ser tudo isso e muito mais para um fã da banda ou apenas um ouvinte atento, que queira descobrir algo estimulante para ouvir. O ano que está acabando foi tão fora do comum e tão cheio de sentimentos malucos que pede por discos cheios de emoções, do começo ao fim, para extravasar todos os sentimentos e limpar a garganta, além de encontrar forças para continuar a luta diária. The Julie Ruin é tudo isso e o melhor é que você pode continuar ouvindo no ano que está chegando.

1º – Nada Surf – “You Know Who You Are”

Nada Surf - You Know Who You Are

* por Gabriel Pozzi

Que esse blog tem o nome tirado de uma música do Nada Surf muitos já sabem. Que é uma das bandas favoritas do casal de autores desse blog e suas músicas compõem boa parte da trilha sonora da vida de ambos juntos, alguns também estão cansados de saber. Agora, que cada vez que o Nada Surf lançar um álbum ele invariavelmente irá alcançar o primeiro lugar do ano, isso vocês só estão descobrindo agora. Brincadeiras a parte, o Nada Surf mostrou o que tem de melhor na sua capacidade de criar músicas em “You Know Who You Are” e nós não conseguimos evitar amá-los como sempre.

MÚSICAS FAVORITAS DE 2016

5º – Local Natives – “Fountain of Youth”

* por Gabriel Pozzi

Sempre tive um pequeno panteão de bandas folks, que a cada ano perde um membro porque a banda resolve deixar a sonoridade folk para trás. Já foi o Mumford and Sons e este ano veio para tirar o Local Natives dessa seleta lista. Mas não significa que eles saíram fora de outra, a lista de bandas maravilhosas que admiro e quero muito ver um show. E com “Fountain of Youth” entra em outra: esta aqui, a de músicas favoritas do ano. Com certeza passarei a virada do ano a cantando em voz alta, pois WE CAN DO WHATEVER WE WAAAAANT…

4º – James Blake – “I Need a Forest Fire”

* por Gabriel Pozzi

Quando eu soube que no novo cd de James Blake teria uma música cantada junto com Bon Iver, eu tinha certeza que não teria erro e iria amar essa faixa. Não deu outra. “I Need a Forest Fire” possui o melhor de ambos os cantores, que são diferentes em seus estilos, mas possuem o minimalismo e a delicadeza como denominadores comuns para criarem uma canção como essa. Do gritinho de “Woooo” do Bon Iver no começo aos ecos e distorções vocais do final, a música é maravilhosa.

3º – Tacocat – “Talk”

* por Rúvila Avelino

A alegria cheia de glitter do Tacocat nunca é demais. Em 2016 a banda de Seattle (EUA) lançou o disco “Lost Time”, que foi recomendado aqui e rodou muito nos fones de ouvido durante o ano. Esse pop-punk feminista delicioso não poderia deixar de entrar na nossa lista de favoritos do ano. A música “Talk” foi eleita por conta de seu ritmo, que traz uma sensação de liberdade, contida mas necessária no cotidiano louco: “E coloque uma música, uma que seja rápida e longa/ porque eu quero dançar, dançar até desembaraçar o universo/ porque eu quero falar, falar até minha garganta doer”.

2º – Liniker e os Caramelows – “Zero”

* por Gabriel Pozzi

Liniker e os Caramelows é uma banda nacional formada no ano passado, mas que lançou seu primeiro álbum em 2016. Apesar de já ter conquistado um bom público antes mesmo desse lançamento (com vídeos cantando ao vivo no YouTube), a banda teve esse ano como consolidação, sendo premiada e elogiada pela crítica. Outra grande conquista é esse segundo lugar com a canção “Zero” aqui no Killian’s, não é mesmo? #brinks. Mas o favoritismo é verdadeiro, com um clima intimista criado pelos arranjos de saxofone, trompete, baixo e a voz incrível de Liniker, não teve como evitar: eles conseguiram bagunçar a gente.

1º – Le Tigre – “I’m With Her”

* por Rúvila Avelino

Essa música não poderia deixar de aparecer entre as melhores do ano por alguns motivos: a primeira música do trio Le Tigre em 10 anos, uma música anti-Trump e um manifesto político da cultura pop. Como fã da Kathleen Hanna, esperava algum tipo de manifestação política da parte dela, que foi uma ativista atenta na sua juventude. Ao lado de Johanna Fateman e JD Samson, Kathleen lançou ao mundo uma música de apoio a ex-candidata Hillary Clinton destacando suas principais pautas sociais. A candidata infelizmente não ganhou, mas não vamos esquecer “I’m With Her” aqui no blog.

Para 2017, o Killian’s Blog deseja um ano maravilhoso e repleto de boas músicas e lançamentos de suas bandas favoritas.

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Veja também:
As favoritas de 2015

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Cover Dose #7: Radiohead

Este ano na música foi especial para o Radiohead. Com o nono álbum de estúdio lançado em maio desse ano – “A Moon Shaped Pool” –, a banda de Thom Yorke reconquistou todos os holofotes merecidos no cenário musical, fazendo um barulho que há muito não faziam.

Antes de a poeira baixar, vamos aproveitar o momento para falar um pouquinho mais da nossa banda deprê favorita. Ou melhor, vamos deixar “os outros” falarem um pouquinho do Radiohead.

Este é o Cover Dose da banda, com algumas versões maravilhosas de suas canções.

Regina Spektor – “No Surprises”

Dizer que Regina Spektor faz mágica diante de um teclado não é nenhuma novidade. Imagine então a cantora russa usando seu talento em cima da provável canção do Radiohead que melhor valoriza o som do piano.

Melhor do que imaginar é dar um play acima e ouvir essa delicinha. Impossível não se apaixonar.

Prince – “Creep”

O cantor Prince nos deixou em abril desse ano e é possível entender o motivo de tanta comoção em cima de sua partida. Com músicas e performances brilhantes, sua carreira foi recheada de momentos especiais e tenho certeza que o Radiohead se orgulha de ter feito parte de um deles.

No Coachella em 2008 Prince fez esse cover de “Creep”. No entanto, vejo a apresentação como algo que vai além de um cover. Prince transformou o primeiro hit da carreira do Radiohead em um épico de mais de oito minutos, com letras improvisadas, solos de guitarras absurdos e refrões gritados que arrepiam qualquer um. Indescritível.

Amanda Palmer – “High and Dry”

Em outro Cover Dose já tivemos a oportunidade de citar esse magnífico trabalho de Amanda Palmer. Em 2011 a cantora/performer/escritora/etc lançou um álbum tributo ao Radiohead com covers feitos no ukelele (chamado de “o ukelele mágico de Amanda Palmer” na capa do cd).

Mesmo sendo um repeteco aqui no blog, seria impossível deixá-la de fora nesse post, já que todas as músicas escolhidas por ela são incríveis e merecem ser ouvidas. A que escolhi dessa vez foi “High and Dry”, por toda a delicadeza e emoção contida na versão.

The Flaming Lips – “Knives Out”

A única banda escolhida hoje foi o The Flaming Lips. E ouvir os covers feitos por esses caras é uma loucura.

De vez em quando eles levam as canções para o lado psicodélico deles, às vezes criam uma versão lenta de uma música agitada e, no geral, bagunçam o que é calmo.

Dessa vez parece que o cantor Wayne Coyne e sua banda entenderam perfeitamente o espírito do Radiohead, criando um cover introspectivo e intenso, que se camuflaria perfeitamente na discografia da banda original.

E não há melhor maneira de fechar um post de Radiohead ouvindo uma música que quase nos faz chorar no cantinho do quarto, não é mesmo?

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Leia mais em #CoverDose.

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Resenha: Todo o intimismo de Radiohead e seu novo álbum, “A Moon Shaped Pool”

Poucas semanas atrás o Radiohead desapareceu. Sua conta oficial do Facebook apagou todas as postagens. Instagram, Twitter, mesma coisa. O site oficial se tornou uma página em branco.

Espertos.

Subversivos como são, sabiam que a melhor forma de aparecer era exatamente essa: desaparecendo. Foi dessa forma, extremamente sutil, que Radiohead divulgou ao mundo todo o seu retorno: surgia entre nós o nono disco da banda, “A Moon Shaped Pool”.

Radiohead - A Moon Shaped Pool

Dizem que o Radiohead nunca olha pra trás. Temos que concordar um pouco. Quando falei sobre a discografia da banda comentei que era um costume do Radiohead mudar a sonoridade a cada disco lançado, independente da qualidade e aceitação do anterior. As batidas eletrônicas e minimalistas de “Kid A” pouco tem a ver com o rock melódico de “Ok Computer”, por exemplo. No entanto, parece que “A Moon Shaped Pool” surge para quebrar parte desse paradigma.

Nunca antes na brilhante carreira da banda eles conseguiram lançar um álbum que condensasse tão bem os trabalhos anteriores deles. Com exceção daquele rock cru da estreia com “Pablo Honey”, é possível ouvir e sentir traços de tudo que formou o Radiohead até o momento. “Sentir” acima de tudo, pois o que nos foi entregue está repleto de sentimentos, como é possível notar com “Daydreaming”, já escolhido como um dos singles do álbum:

Um teclado melancólico se encarrega de tornar a música uma grande viagem por um sonho, que tem em seu clipe (acima) um complemento visual perfeito para o que chega a nossos ouvidos.

Um sentimento de vazio pode ganhar vida no meio dos seis minutos de música, o que não deixa de fazer sentido com o momento da vida de Thom Yorke: ele se separou de sua esposa após um casamento de 23 anos. E se por acaso alguém achar que “Daydreaming” não tem a ver com isso, basta saber que a frase repetida várias vezes ao contrário no fim da música é “half of my life” (metade de minha vida). Yorke se casou aos 23 anos e se separou aos 47, ou seja…

Para não dizer que o disco apenas olha para trás, o Radiohead trouxe novidades também: boa parte das músicas de “A Moon Shaped Pool” foi gravada junto a uma orquestra de Londres, o que às vezes entra de forma bem cautelosa nas canções (com alguns arranjos em cordas ou um coro de vozes no refrão) e às vezes entra de forma poderosa, como na abertura do disco:

“Burn the Witch”, embora não seja minha favorita, foi escolhida para ser o primeiro single do álbum e tem força para isso. A forma como a canção cresce e a energia que transmite faz com que a volta de Radiohead após cinco anos sem lançar um álbum seja ainda mais impactante.

No entanto, impactante não seria o melhor adjetivo do álbum como um todo. Diferente do que tentaram em “Kid A” ou em “The King of Limbs”, a experimentação e o eletrônico quase não aparecem no disco, o que pode ser uma pena para parte dos fãs, mas recebeu respostas positivas da maioria, que sentia falta dos violões (como ocorre em “Desert Island Disk” e “Present Tense”) e teclados (“Glass Eyes”, “Daydreaming”, “True Love Waits”), tão característicos deles. Introspectivo e intimista talvez sejam melhores qualidades do álbum.

Ou então, assim como classifiquei a estratégia de desaparecer para divulgar o álbum no início desse texto, talvez a melhor descrição de “A Moon Shaped Pool” que posso encontrar seja exatamente essa: extremamente sutil.

E o Radiohead continua fascinante.

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Para ver outras resenhas nossas, basta clicar aqui!

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Killian’s Tape #1

Depois de pouco mais de quatro meses no ar, achamos que essa é uma boa hora para colocar pra rodar a primeira mixtape do nosso humilde blog! É a “Killian’s Tape #1”.

Mixtape Killian's Blog

Pra ficar com a nossa cara resolvemos que a mixtape funcionaria com músicas da seção “Discográfico” e da seção “Recomendo” do blog. Mais tarde podemos voltar fazendo um resumo do que rolou nas outras categorias também.

Mas por enquanto é isso. A playlist foi feita por meio do site de streaming Spotify, então quem está registrado é só dar play, quem não está é só registrar de graça e curtir a Killian’s Tape, que tem Muse, Tame Impala, Pixies, Death Cab for Cutie

Let’s go:

Cover Dose: Arctic Monkeys faz um Tame Impala acústico, Amanda Palmer toca Radiohead no ukulele e Death Cab canta clássico da Björk

Chegamos à terceira edição do Cover Dose, aquela seção em que bandas lindas e incríveis cantam músicas de outras bandas lindas e incríveis. Sem enrolação, vamos à playlist do dia:

Arctic Monkeys – Feels Like We Only Go Backwards (original: Tame Impala)

Lembram quando recomendei Tame Impala no blog e falei sobre “Feels Like We Only Go Backwards”? Lembram que eu falei que o John Lennon deve morar nessa música? Pois é, parece que mais alguém gostaria de estabelecer moradia dentro dessa linda canção: Alex Turner, o vocalista do Arctic Monkeys, que aproveitou seu momento como convidado da rádio australiana Triple J e resolveu mandar esse lindíssimo acústico de nossa banda psicodélica favorita (que também é da Austrália).

(A música começa após os 50 segundos de vídeo).

Amanda Palmer – Fake Plastic Trees (original: Radiohead)

Não é em vão que chamam Amanda Palmer de “Amanda Fucking Palmer”. A mulher canta, toca piano, escreve, faz performances artísticas, se casa com meu escritor favorito e faz cover da minha banda favorita. Essa senhorita não veio ao mundo pra brincar mesmo.

O melhor de tudo: a moça tem uma voz maravilhosa. Ouçam essa versão de “Fake Plastic Trees”, clássico do Radiohead, e vejam se estou mentindo. Mais um deleite para quem gosta de versões acústicas, afinal, o cover é feito no ukulele, aquele instrumento que veio do Hawaii que todos nós adoramos.

Death Cab for Cutie – All is Full of Love (original: Björk)

Tudo bem, podemos assumir que a voz da Björk é única nesse mundo e uma música dela sem essa voz perde boa parte do charme. Mas isso só torna mais fascinante o fato de o Death Cab for Cutie ter conseguido fazer um ótimo cover de seu maior clássico, “All is Full of Love”, mesmo sem os agudos da excêntrica islandesa.

Death Cab is full of love.

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Leia também:

Cover Dose #1: Muse, Weezer e Birdy
Cover Dose #2: Imagine Dragons, Muse e Lorde

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Discográfico: Radiohead

De renegados em seu próprio país a uma das maiores bandas do mundo: o discográfico de hoje é seu, Radiohead.

“Pablo Honey” (1993)
Essa é mais uma dessas histórias de sucesso que começam com (quase) total fracasso. E todos nós adoramos essas histórias.

Quando Radiohead lançou seu primeiro álbum em 1993, a Inglaterra o ignorou. Não é tão difícil de entender: o país começava a viver a era do britpop, que dominou os anos 90 dos ingleses. Logo as guitarras distorcidas do “Pablo Honey” não se enquadravam no cenário da época. Críticos diziam que o Radiohead queria fazer um som americano (com direito a várias comparações ao Nirvana), e a única música que fez algum sucesso, Creep (ouça acima), era boicotada nas rádios por ser “depressiva demais”.

“The Bends” (1995)
Mas eis que “Creep” começou a tocar na MTV, a tour do Radiohead teve um bom acolhimento do público, os ingleses começaram a olhar direito para a banda, e os membros resolveram não desistir dela, lançando um segundo álbum em 1995. Ufa.

“The Bends” não foi um sucesso mundial, como as bandas inglesas da época estavam sendo. Mas fez a Inglaterra notar que existia vida além de Oasis, Blur e sua turma. De repente as críticas viraram elogios e o Radiohead foi ganhando o seu espaço. O rock ganhou mais melodia, o conjunto de músicas ganhou mais coerência, e hits como “High and Dry” (ouça acima) trouxeram mais popularidade ao grupo. Mas o que aconteceu a seguir foi inesperado a todos.

“Ok Computer” (1997)
Imagine você em 1993 lendo os críticos sentarem a lenha no Radiohead com seu primeiro álbum. Então você dorme, acorda em 1997 e lê os críticos dizerem que Radiohead já era tão importante para a Inglaterra quanto ícones como Pink Floyd, ou que “Ok Computer” era o álbum perfeito para encerrar com chave de ouro o milênio.

Sim, foi isso que o terceiro álbum da banda conseguiu fazer. Transformar a história do Radiohead para sempre. De renegado para sucesso estrondoso mundial. Os maiores hits da banda estão nesse álbum: “Karma Police” (ouça acima), “No Surprises”, “Paranoid Android”, “Exit Music”, etc. “Ok Computer” é quase unânime como um dos favoritos de todos os fãs do Radiohead.

“Kid A” (2000) e “Amnesiac” (2001)
Então uma revolução na vida da banda. “Ok Computer” tinha elevado a expectativa do universo todo para o seu quarto álbum e qualquer passo do Radiohead era seguido de perto. Thom Yorke, o complexo vocalista, entrou em depressão nessa mesma época, e isso parece ter mudado tudo.

Yorke nunca lidou bem com shows grandes, entrevistas, aparições públicas, etc. Quando o Radiohead entrou no estúdio e gravou de uma vez só “Kid A” e “Amnesiac”, parece que tudo isso implodiu nas canções, criando um curioso resultado final: dois cds com sonoridade totalmente diferente dos anteriores, uma vibe muito mais eletrônica, minimalista, experimental.

A princípio, com o “Kid A”, vieram as velhas críticas. Mas curiosamente com “Amnesiac” todo o prestígio voltou, e a mudança de som foi vista como algo genial. É estranho que o primeiro tenha se dado mal, já que ambos foram gravados juntos. Mas é importante dizer: se “Ok Computer” era unanimidade, esses dois álbuns dividem opinião entre os fãs.

“Hail to the Thief” (2003)
Então Radiohead voltou ao rock. Com uma maturidade diferente dos primeiros álbuns, mas ainda assim, com as guitarras protagonizando.

As entrevistas de Thom Yorke são sempre estranhas e, ao falar de “Hail to the Thief”, o padrão não podia ser diferente. Você ouve o álbum e claramente percebe um posicionamento crítico em relação à política, com referências inclusive a “1984” de George Orwell (ouça acima “2+2=5”). Então você ouve Yorke falando sobre o álbum e ele garante: “Este álbum não é um protesto, não estamos falando de política”. Ok.

“In Rainbows” (2007)
Depois de lançarem muitos álbuns seguidos, o Radiohead resolveu dar um descanso, e voltou em 2007 com meu possível álbum favorito: “In Rainbows”. Com músicas de charme irresistível, que flertam inclusive com as melodias do “Ok Computer”, o sétimo álbum da banda foi um grande sucesso, garantindo que eles não seriam dessas bandas que “envelhecem” e vivem apenas do passado.

“The King of Limbs” (2011)
Assim como “Kid A”, o oitavo e último álbum lançado até o momento dividiu opiniões. “The King of Limbs” deixou um pouco de lado as guitarras e investiu no baixo e na bateria, como podemos perceber com “Bloom” (ouça abaixo). ´

O conjunto do álbum é muito amarrado e as músicas tem um clima bem envolvente, mas muitos sentiram falta da boa e velha guitarra. Ela volta no próximo álbum? Eu diria que é impossível prever. O importante mesmo é que Radiohead é imprevisivelmente fantástico.

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Leia também:
Discográfico: Muse
Discográfico: Kate Nash

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